domingo, 28 de abril de 2013


Ave Caesar! Morituri te sa
lutant! (Ave Cesar! Os que vão morrer te saúdam!)
Era assim que os gladiadores saudavam o imperador na arena. Tinham consciência de que iam morrer naquela tarde. De alguma forma essa serenidade me fascina.
Todo dia tenho passado muitas horas ao lado de gente que estão encenando verdadeiros dramas. Estamos na arena da vida. E nossa luta é contra o câncer. Assim como os gladiadores, alguns de nós venceremos... Outros não. 
Curiosamente esse é o grupo mais ordeiro que já vi. Esperam pacientemente serem chamados para sua dose diária de radiação. Ninguém reclama da espera, ninguém se impacienta. 
No olhar, aquele brilho enigmático... Esperança? Resignação? Serenidade? Tudo isso. Encontraram outro modo de encarar a vida. Um modo onde a pressa e a impaciência perderam o poder sobre eles.
Nessa sala, parece que todas as ansiedades perdem o sentido. 
Bem diferente de fila de banco onde a impaciência é contagiante. Fila de aposentados é a mesma coisa! E qualquer outra sala de espera. Menos essa. 
A espera não nos incomoda. Até parece que temos todo o tempo do mundo! E não temos. Uma confirmação disso é o plano de saúde não liberar a autorização do tratamento inteiro. Libera por partes. A razão é o número de pacientes que interrompem o tratamento por terem sua viagem antecipada para os “Verdes campos de caça”. Perderam a batalha.
Para mim, aquilo que começou como mais uma aventura da vida, transformou-se em coisa séria. Nova intervenção cirúrgica, extração da próstata, sessões de radiação para garantir risco de metástase. A vida como eu conhecia ficou de cabeça pra baixo. Mas ainda é vida. E vale ser vivida. E como meus companheiros de sala de espera, estou lutando por ela.
Volto outra hora com novidades da arena. 
Ave Cesar!

terça-feira, 20 de novembro de 2012


A ESPERA...
Agora é esperar o resultado da biopsia. Importante ver como apenas um "resultado" determina a vida de um homem. Se Negativo, tudo foi apenas um procedimento corretivo e a vida volta aos poucos ao normal.Se positivo, terei pela frente muitos testes e sofrimentos para contabilizar. Mas tornei-me forte pela certeza de que meu Deus conhece meu íntimo e sabe que estarei unido a Ele em todas as provas nessa vida. Vamos lá!
Durval.

LIVRE!!!
E aí a saída foi gloriosa. Depois de 2 dias e uma noite internado, entubado pelas partes íntimas, com cerca de 180 tubos ou 90 litros de soro fisiológico tendo circulado pela begica, recebi alta. Tiraram aquela sonda grossona.
Tinha que fazer xixi. Olha o drama: Ou fazia xixi ou não ia pra casa. E aí foi osso! Providenciei um xixi tímido e colorido e fui dar a notícia às enfermeiras. Tô livre!